"Ode à Liberdade"
"Quero-te, como quero ao ar e à luz
Porque não sou a ovelha do rebanho,
Nem vendi ao pastor a alma e a grei;
E onde não haja mais do que o redil,
És tu a minha pátria e a minha Lei.
(...)
Leva-me ao teu sopro, éter divino,
Porque me queima a sede das alturas
E o meu amor se oferece sem limite;
E és tu que abres as asas aos condores,
És tu que ergues os astros ao zénite.
Toma-me nas tuas mãos de sagitário,
Faze d mim o arco retesado
Pelo teu braço e a tua força inquieta,
Pois, quando o meu desejo atinge o alvo,
És tu o impulso que dispara a seta.
É lá, sempre mais longe, além do Oceano,
Nos limites do Mundo conhecido,
Em plena selva e onde há que abrir a senda,
Que eu quero devorar os frutos novos
E erguer à beira de água a minha tenda.
(...)
Gerou-te, lentamente, com revolta
E dor, a consciência dos escravos;
Renasce mais perfeita a cada idade;
E, sempre, com as dores cruéis do parto,
Dá-te de novo à luz a Humanidade.
Querem mãos assassinas sufocar-te
Nas entranhas maternas. Mas em vão.
Virás como a torrente desprendida,
Porque és o sopro e a lei da Criação
E não há força que detenha a Vida."
Jaime Cortesão
3 Comments:
..."Gerou-te, lentamente, com revolta
E dor, a consciência dos escravos"
Parece que, nos tempos que correm, muita gente deixou de ter consciência e, por via disso, vai acabar (se já não é) escravo.
Já não há galés mas os capatazes andam aí...
O problema é que as pessoas hoje confundem ideias com ideais, opiniões com conhecimentos e, sem darem conta, tornam-se escravos duma ignorância que alimentam até à exaustão, até serem consumidos pela ganância de quem os escraviza com mentiras.
Bem, "esses" existem.
O problema é "eles" estarem frequentemente em lugares onde não seria suposto.
... alguns chegam mesmo a administradores da Galp O;)
.oO(q mau feitio)
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