Basta de hipocrisia!
Hoje o post é escrito em cor cinzenta, não só devido à seriedade do tema, mas também em homenagem às mulheres que não tiveram direito a viver, porque há uma lei que as criminaliza se cometerem interrupção voluntária de gravidez.Outro dos argumentos amplamente difundidos, refere que não há mulheres presas por IVG. Defendem então, os apologistas da manutenção da lei actual, que devemos prosseguir com a hipocrisia, isto é, manter uma lei para não ser cumprida e servir apenas como mero indicador, qual sinal de 120 nas auto-estradas.
Quem seguir com alguma atenção os noticiários, ouvirá também argumentos tão baixos como a comparação do aborto ao terrorismo! Nem comento...
Ontem, enquanto escutava as notícias, tomei conhecimento de uma história de arrepiar. Uma mulher tetraplégica, com lesões ao nível da coluna e uma mal formação do útero, engravidou devido aos analgésicos terem reduzido a eficácia da contracepção oral. Ao cabo de um mês de gravidez o seu médico de família encaminhou-a para o serviço de obstectrícia do hospital de Abrantes, a fim de interromper a gravidez que lhe faría perigar a vida. Aí foi atendida por alguém que se apresentou como médica e lhe atirou com um: "O que faz aqui? Aqui ajudamos a parir, não a abortar!". A pobre mulher, teve de dirigir-se a Espanha se quis salvar a sua vida!
Finalmente, sem querer formatar a opnião de alguém, acredita o leitor que uma mulher decide levianamente interromper uma gravidez? Mais, que ao levar adiante um aborto, não lhe será suficientemente penoso tal interveção e as respectivas sequelas psicológicas a ela associadas?! Para quê criminalizar a mulher por essa decisão e obrigá-la a recorrer a estratagemas obscuros?
Talvez valha a pena pensar nisto...

